Acredito em Deus (aquele cristão), bem como acredito em santos, espíritos, magia (seja ela positiva ou negativa), orixás e nos deuses de religiões politeístas. Repare, acredito na força das energias superiores. Mas tenho uma aversão, sincera, à religiões. Principalmente quando elas são impostas ou, simplesmente, convenientes.
Recentemente passei por uma experiência no qual fui obrigada a me submeter à benção de um sacerdote. Não tinha a menor vontade, e julgava que o momento era desnecessário em minha vida. Mas praticamente fui excomungada por expressar minha opinião. Na tentativa de evitar conflitos maiores, fui. Como esperado, não senti absolutamente nada.
Para mim, todas as crenças são válidas, desde que sejam sinceras. De que adianta, ir à igreja para agradar avós, pais ou a sociedade? De que adianta ajoelhar no chão ou clamar com centenas de pessoas por Deus, se o momento não traz paz? Está em verdadeiro contato com o Ser Superior aquele que vai ao templo aos domingos, mas agride a esposa quando chega em casa? Se Deus é onipresente, porque preciso entrar na igreja para que ele me ouça?
Uma coisa há anos me incomoda em relação à religão (considerando que tenho apenas 21 anos, esse incômodo teve início já na infâcia): as pessoas são hipócritas. Vejo, na verdade, que não é a religião que me incomoda, mas as pessoas que a colocam em prática.
Minha religião é o respeito ao próximo (sempre que minha condição humana permite), pelo simples motivo de que as pessoas merecem respeito, e não porque posso ir para o inferno se não o fizer. Minha crença está em meus momentos com meus livros e cadernos, em fotografar, em olhar o céu e o mar, não há nada que me traga mais paz. Em horas assim, acredito que o Deus olha para e por mim. Se nesses momentos sinto a presença do Ser Superior, porque, então, preciso que um sacerdote me abençõe? Se ele não tocar minha mão e rezar/orar comigo, significa que Deus me ignora ou me pune?
Acredito, muito sinceramente, que cada um poderia viver um pouco mais sua vida e sua crença e parar de tentar impor à vida das pessoas o que todo mundo faz mas que para ela não faz falta. Sou contra o "é porque é" ou "você tem que fazer isso. Se não fizer, é mau". Respeito, e só.
Um comentário:
A primeira e mais digna sensação da verdadeira religião é a autenticidade. Me agrada saber que não se importa com aprovações e que não crê no "Ser Superior" por simples medo, mas por uma experiência mística ou mesmo metafísica. Sobre a necessidade de uma benção de um sacerdote de determinada crença, é bom lembrar que tal ato (epiclese) é um símbolo. Somos humanos, fracos e dependentes de amor. Não adianta apenas saber que minha mãe me ama. Eu preciso mais do que isso. Eu preciso dos abraços e beijos dela, pois sou humano. O abraço da minha mãe simboliza o que meus olhos não podem ver. O namorado diz a namorada que a ama, mas sem obras tal relacionamento não pode sustentar-se. O crente celebra seu credo invisível numa socialização que chamamos de religião. Sou religioso, humano (de carne osso), com alma (intelecto, aspirações e aptidões) e espírito (laço divino). Logo, sofro, luto e acredito. Esse demônio maniqueu que instalou-se na raíz da atual religiosidade só recrimina e torna a fé num presídio moral onde os detentos têm medo do que o carcereiro possa fazer-lhes. Enquanto isso, esperam a soltura (pasmem, é a morte). Religião é liberdade! Se não conhecesse a autora, diria que se trata de alguém ainda insensível ao pensamento religioso, mas a proximidade me permite dizer que tal post não é uma resposta ao que se viveu, mas uma pergunta da sempre foi perseguidora: felicidade. Parabéns pela iniciativa!
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